Este ano, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), divulgou um número de quase sete mil incêndios nos dois primeiros meses. Número 66% maior que no mesmo período de 2014, quando foram registrados 4.182 incêndios. A INPE não havia registrado um número tão alto desde 1999, quando iniciaram o monitoramento.
Os estados que, de fato, mais contribuíram para este aumento foram Mato Grosso, Pará, Roraima e Maranhão, totalizando, juntos, um número de 3.672 incêndios. Segundo o pesquisador do programa de queimadas do INPE, Fabiano Morelli, a situação é resultado da redução de chuvas e o aumento da temperatura. ‘’Esse conjunto de fatores foi o principal causador que favoreceu o aumento dos focos de incêndio, porque a vegetação já estava mais suscetível a sua propagação’’, relata. Ele destaca, ainda, que qualquer atividade humana relacionada ao fogo, como a limpeza de terrenos, por exemplo, pode se alastrar para uma área de terreno baldio ou de um sítio vizinho, tornando-se novo foco de incêndio. Morelli afirma, trambém, que muitas vezes o fogo pode começar intencionalmente, por agricultores que têm por objetivo limpar o terreno ou renovar as pastagens, colocando em risco a vida de pessoas e animais.
Outro fator relevante e preocupante no aumento de queimadas, é a chegada do inverno, pois é quando ocorre a redução de precipitações de chuva, já que no verão, as chuvas são mais intensas, reduzindo o impacto do fogo.
Problemas socioambientais
O aumento das queimadas no início do ano acarreta outro fator preocupante que é o aumento de gases do efeito estufa. De acordo com Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, as queimadas não naturais representam um problema ecológico e social. ‘’Elas são hoje um risco para o equilíbrio ambiental do país, mas também à saúde humana, pois a diminuição da qualidade do ar provoca doenças respiratórias. Além disso, geram problemas com infraestrutura, como a queda no fornecimento de energia elétrica, perdas em propriedades rurais e má visibilidade em rodovias’’, relata.
Queimadas em áreas protegidas já passam de 6 mil este ano. Desde 1º de janeiro de 2015 até o dia 28 de março, o INPE já havia detectado 6.313 incidentes dentro de unidades de conservação. O campeão disparado foi a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, com 383 incêndios.
Algumas unidades de conservação têm investido em parcerias público-privadas, na geração de conhecimento para a população e em treinamentos de capacitação para funcionários e a comunidade de seus entornos. O projeto obteve êxito.
Fundação Grupo Boticário
A fundação é uma organização sem fins lucrativos cuja missão é promover ações de conservação da natureza. Foi criada em 1990 por iniciativa do fundador de O Boticário, Miguel Krigsner. É uma organização nacional e suas ações incluem proteção de áreas naturais, apoio a projetos de outras instituições e disseminação de conhecimento. Desde sua criação, já apoiou 1.397 projetos de 480 instituições em todo o Brasil. A instituição mantém, também, duas reservas naturais, a Reserva Natural de Salto Morato, na Mata Atlântica; e a reserva Natural Serra do Tombador, no Cerrado. Estes são os dois biomas mais ameaçados do país.